Métodos de Interpretação da Audiometria
Métodos de interpretação da audiometria disponíveis no Medicina:
Tipos de alterações dos Limites Auditivos
VA - Valor da via aérea
VO - Valor da via óssea
Condutiva: VA > 25dB e VO <= 25dB e o GAP entre a via Aérea e Óssea deve ser > 10dB.
Neurossensorial:VA e VO > 25dB e o GAP entre a via Aérea e Óssea deve ser de até 10dB.
Mista: VA > 25 dB e (VO > 25 ou VO < 25)
Exame de Referência
- Avalia-se os níveis de audição da via aérea nas frequências 0,5, 1, 2, 3, 4, 6 e 8 KHz.
- Se os dados das frequências obtidas forem menores ou iguais a 25 dB, o
exame é interpretado conforme item 4.1.1 da NR 7 - DENTRO DOS LIMITES
ACEITÁVEIS
OBS: Neste momento os dados da avaliação da via óssea não devem ser considerados, mesmo quando informados. - Caso contrário avalia os níveis de audição da via óssea nas frequências 0,5, 1, 2, 3 e 4 KHz.
- Se o nível da frequência 3 e/ou 4 e/ou 6 for maior que 25 dB, se for neurossensorial* e se o nível for maior que todas as outras frequências (0,5, 1, 2 e 8), interpreta segundo item 4.1.2 da NR 7 - SUGESTIVO DE PAINPSE.
- Caso a interpretação não se enquadre em nenhuma dos itens anteriores (4.1.1 e 4.1.2), interpreta como item 4.1.3 da NR 7 - NÃO SUGESTIVO DE PAINPSE.
* Para uma avaliação ser neurossensorial, deve-se avaliar as frequências 3 e 4 em conjunto, mas se a frequência estiver com a via óssea menor ou igual a 25 dB, ela deve ser desconsiderada.
Exame Sequencial
- Avalia-se os níveis de audição da via aérea nas frequências 0,5, 1, 2, 3, 4, 6 e 8 KHz.
- Se os dados das frequências obtidas via aérea forem menores ou iguais a
25 dB, interpreta:
2.1. Se as frequências via aérea do exame de referência forem <= 25 dB e obedecer aos critérios do item 4.2.1 da NR 7, o exame é interpretado conforme item 4.2.1 da NR 7 - SUGESTIVO DE DESENCADEAMENTO DE PAINPSE.
2.2. Caso contrário, interpreta como 4.1.1 - DENTRO DOS LIMITES ACEITÁVEIS. - Se alguma frequência via aérea for maior que 25 dB, avalia a via óssea.
- Verifica-se se é neurossensorial.
4.1 Se não for neurossensorial, interpreta como item 4.1.3 da NR 7 - NÃO SUGESTIVO DE PAINPSE.
4.2 Se for neurossensorial:
4.2.1. Se os níveis do exame de Referência forem <= 25 dB e os critérios do item 4.2.2 da NR 7 forem atendidos, interpreta conforme item 4.2.2 da NR-7 - SUGESTIVO DE DESENCADEAMENTO DE PAINPSE.
4.2.2. Se o exame de referência for SUGESTIVO DE PAINPSE e os critérios do item 4.2.3 da NR 7 forem atendidos, interpreta como item 4.2.3 da NR 7 - SUGESTIVO DE AGRAVAMENTO DE PAINPSE.
4.2.3. Caso nenhum dos dois itens acima forem atendidos, caracteriza como SUGESTIVO DE PAINPSE.
- O item 4.2.3a da NR 7 está com o valor do critério errado. O correto é 10 dB.
- Quando não for feita a via óssea, a interpretação não considerará o item 2.1 da NR 7.
- Quando o exame sequencial for interpretado como 4.2.1, 4.2.2 ou 4.2.3, deve ser agendado outro exame e este será o exame de Referência.
- O sistema interpreta o tipo de perda como condutiva quando, por exemplo, na frequência de 4000, a VA está alterada e a VO está dentro da normalidade. O sistema considera que para ser neurossensorial, tanto a VA quanto a VO devem estar alteradas e o GAP deve ser menor que 10 dB.
- O sistema interpreta o tipo de perda como mista quando, por exemplo, a frequência de 3000 caracteriza uma perda condutiva e a frequência de 4000 caracteriza uma perda neurossensorial. A frequência de 3000 é caracterizada como condutiva pois a VA está alterada e a VO está dentro da normalidade. A frequência de 4000 é caracterizada como neurossensorial pois tanto a VA quanto a VO estão alteradas e porque o GAP é menor ou igual a 10 dB.
Para caracterizar o tipo de perda o sistema analisa cada frequência testada e desta forma ele somente irá caracterizar o tipo de perda neurossensorial quando todas as frequências testadas forem neurossensoriais. O mesmo acontece para a caracterização do tipo de perda condutiva. Caso uma frequência for neurossensorial e outra for mista ou condutiva, por exemplo, a perda será caracterizada como mista.
Perda Neurossensorial = VA > 25 e VO > 25 e GAP <= 10
Perda Condutiva = VA > 25 e VO <=25
Perda Mista = quando há um componente neurossensorial e outro condutivo.
Bibliografia desta interpretação: Prática de Audiologia Clínica -
Momensohn-Santos e Russo.
SEQUENCIAL | |
NORMAL NR 7 - 4.1.1 Todas as frequências são <=25 dB |
SUGESTIVO DE DESENCADEAMENTO NR 7 - 4.2.1
|
SUGESTIVO DE PAINPSE NR 7 - 4.1.2 3000 e/ou 4000 e/ou 6000 Hz acima de 25 dB e mais elevados que as demais frequências, estando estas normais ou não. |
|
NÃO SUGESTIVO DE PAINPSE NR 7 - 4.1.3 Todos os casos que não se enquadram nas descrições acima. |
SUGESTIVO DE DESENCADEAMENTO NR 7 - 4.2.2
|
REFERÊNCIA PERMANECE ATÉ QUE: |
SUGESTIVO DE AGRAVAMENTO NR 7 - 4.2.3
|
NR 7 - 4.2.4 Ocorrendo agravamento ou desencadeamento mesmo dentro da normalidade este passa a ser o de referência e os exames anteriores passam a ser o histórico evolutivo. |
Conforme Portaria 19 de 09/04/1998 publicada no Diário Oficial da União em 22/04/1998 alternado o quadro 2 da NR 7.
GRAU | Média aritmética em 500,1.000 e 2.000 |
AUDIÇÃO | CONDUTA |
0 |
<= 25 dB |
NORMAL |
Medidas |
1 |
> 25 dB e <= 40 dB |
Perda Leve |
Preventivas |
2 |
> 40 dB e <= 55 dB |
Perda Moderada | Encaminhar para perícia |
3 |
> 55 dB e <=70 dB |
Perda Severa/Moderada |
Encaminhar para perícia |
4 |
>70 e <=90 |
Perda Severa | Encaminhar para perícia |
5 |
>90 dB |
Perda Profunda | Encaminhar para perícia |
Ausência de resposta em todas freq. |
Anacusia |
Bibliografia: A Prática da Audiologia Clínica -Ieda C. Pacheco Russo, Teresa M. Momensohn-Santos.
Este método define a PAIR através de uma gota acústica referindo-se ao aspecto das perdas auditivas em 4.000 Hz e 6.000 Hz. Avalia somente a VA.
GRAU | Média aritmética em 500,1.000,2.000Hz |
3.000Hz |
Média aritmética em 4.000, 6.000Hz |
AUDIÇÃO | CONDUTA |
0 |
<= 25 dB |
<= 25 dB |
<= 25 dB |
NORMAL |
Medidas |
I |
<= 25 dB |
<= 25 dB |
>25 dB |
Gota acústica |
Preventivas |
II |
<= 25 dB |
>25 dB |
>25 dB |
Prejuízo clínico |
CAT |
III |
>25 dB |
>25 dB |
>25 dB |
Surdez profunda (profissional) |
Readaptação |
IV |
26 a 45 dB |
Redução em grau mínimo |
Indenizável |
||
V |
46 a 70 dB |
Redução em grau médio |
Indenizável |
||
VI |
>70 dB |
Redução em grau máximo |
Indenizável |
||
DANO | Diacusia não - ocupacional | Tratamento com otologista (especialista em doenças do ouvido) |
Fonte: Revista Brasileira de Saúde Ocupacional nº 65 de Janeiro/Fevereiro/Março de 1989, páginas 43 a 47.
Este método determina a incapacidade total ao trabalho e só beneficia perdas acima de 50 dB. Avalia somente a VA
GRAU | Média aritmética em 500,1.000,2.000,3000Hz |
AUDIÇÃO | CONDUTA |
0 |
<= 25 dB |
NORMAL |
Medidas |
1 |
<= 40 dB |
Redução em grau mínimo |
Preventivas |
2 |
<= 70 dB |
Redução em grau médio | Encaminhar para perícia |
3 |
<=90 dB |
Redução em grau máximo |
Encaminhar para perícia |
4 |
>90 dB |
Perda de Audição | Encaminhar para perícia |
Fonte: Decreto 2172/97, Quadro nº 2
Perda | Frequências 500, 1.000, 2.000, 3.000, 4.000 e 6.000Hz |
AUDIÇÃO |
Condutiva |
VA >25 dB e VO = Normal e (VA - VO) > 10 dB e <= 60 dB |
Condutiva |
Neurossensorial |
VA > 25 dB e VO > 25 dB e (VA - VO) <= 10 dB |
Neurossensorial |
Mista |
VA >25 dB e VO = Normal e (VA - VO) > 10
dB e <= 60 dB |
Mista |
Legenda:
VA: Via Aérea
VO: Via Óssea
- Se tiver uma VA e uma VO maior que 25 dB (componente neurossensorial) e um GAP de 15 dB (componente condutivo), o resultado é uma MISTA.
- Exceções: Se a VO apresentar AUSÊNCIA, esta frequência é considerada neurossensorial pura.
- Se a diferença entre a VA e VO apresentar um GAP de mais de 60 dB, este exame foi realizado de maneira incorreta, e deve-se repeti-lo.
- Para categorizar o tipo de perda como Condutiva o sistema verificará frequência por frequência(entre 500 e 6000 Hz) e se, pelo menos, uma delas se encaixar na condição descrita na tabela acima, o tipo de perda auditiva será caracterizada como Condutiva.
GRAU | Média aritmética em 500,1.000 e 2.000hz |
AUDIÇÃO | CONDUTA |
0 |
média <= 25 dB |
NORMAL | Medidas |
1 |
média > 25 dB e <= 40 dB |
Perda Leve |
Preventivas |
2 |
média > 40 dB e <= 70 dB |
Perda Moderada | Encaminhar para perícia |
3 |
média > 70 dB e <=90 dB |
Perda Severa |
Encaminhar para perícia |
4 |
média >90 dB |
Perda Profunda | Encaminhar para perícia |
O método Fowler tem a finalidade de avaliar a incapacidade auditiva por frequência e subtrai dos seus valores a perda por idade.
Para cálculo da perda auditiva, nos termos da lei, somam-se os valores da tabela correspondentes à perda auditiva de cada frequência, e o valor final da soma corresponderá à perda auditiva observada, como por exemplo:
Frequência(Hz) | Perda Auditiva em dB | Valores |
500 | 10 | 0,2 |
1000 | 5 | 0,0 |
2000 | 10 | 0,4 |
4000 | 10 | 0,1 |
0,7% Perda Auditiva |
Tabela de Fowler
Perda em dB |
Frequência |
|||
500Hz | 1000Hz | 2000Hz | 4000Hz | |
5 | - | 0,0 | - | - |
10 | 0,2 | 0,3 | 0,4 | 0,1 |
15 | 0,5 | 0,9 | 1,3 | 0,3 |
20 | 1,1 | 2,1 | 2,9 | 0,9 |
25 | 1,8 | 3,6 | 4,9 | 1,7 |
... |
Em se tratando de perda bilateral, utiliza-se a fórmula proposta pelo "Council
on Physical Therapy" da American Medical Association, que se baseia no fato de
que existe, em regra, uma relação de 7/8 do ouvido bom para o de mau
funcionamento. A fórmula é a seguinte:
Perda bilateral = (( % perda do ouvido melhor * 7) + % perda do ouvido pior) / 8
Assim, se a parte do ouvido melhor for, por exemplo 12,6% e a do ouvido pior for 71,3%, obtêm-se o seguinte resultado:
Perda bilateral = 12,6 x 7 + 71,3 / 8 = 19,9% (perda total)
Os pareceres serão sugeridos conforme as definições abaixo.
Para um único ouvido:
4% - Perda em grau mínimo
8% - Perda em grau médio
Para ambos os ouvidos:
9% - Perda em grau mínimo
18% - Perda em grau médio
Para o cálculo da perda auditiva decorrente de idade cronológica do trabalhador é utilizada a seguinte fórmula:
Nível de Audição = a + b. idade + c(idade)²
Os valores de "b" e "c" são estimados a partir de dados fornecidos por cinco estudos, admitindo-se um processo normal de envelhecimento. Os valores de "a" são calculados com base nos valores de audição aos 25 anos.
GRAU | Média aritmética em 500,1.000,2.000,4000Hz |
Audição |
Normal |
<= 25 dB |
NORMAL |
Perda em Grau Mínimo |
<= 40 dB |
Redução em grau mínimo |
Perda em Grau Médio |
<= 70 dB |
Redução em grau médio |
Fonte: Portaria nº 12, de 06 de junho de 1983. (http://www.mte.gov.br/legislacao/Portarias/1983/p_19831006_012.pdf)