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Conceitos Básicos

O entendimento de conceitos fundamentais é essencial para o desenvolvimento de soluções eficientes e sustentáveis voltados à irrigação. Este primeiro módulo reúne os principais temas que servirão de alicerce para os conteúdos abordados ao longo da documentação.

Conservação de Energia

Energia não é criada ou destruída.

Esse princípio fundamental:

  • Engloba todas as formas de energia cinética, potencial, térmica, radiante, elétrica e sua igualdade com a massa;
  • Está por traz de muitas das equações utilizadas na Irrigação e na Hidrologia;
    • Continuidade;
    • Trabalho-Energia (Bernoulli);
    • Movimento de água no solo (Van Genutchen);
    • Balanço hídrico da cultura;

O princípio foi aplicado na estruturação dos cadastros de Recursos Hídricos e de Projetos de Irrigação, permitindo sua aplicação na validação e análise das movimentações em diversos níveis da estrutura de irrigação.

Volumes de Controle

Região fechada e de tamanho finito, onde podemos aplicar o princípio de conservação de energia e contabilidade para rastrear os fluxos de entrada e saída de água e energia.

A mudança de energia em um volume de controle, durante um intervalo de tempo, deve ser igual à quantidade de energia que entrou menos a quantidade de energia que saiu.

No sistema, são considerados volumes de controle:

  • Bacias hidrográficas
    • Cursos d’água
    • Corpos d’água
  • Projetos de irrigação
    • Condutos
    • Áreas de comando
  • Locais agrícolas
    • Fazendas
    • Blocos
    • Talhões
Bacia hidrográfica com curso e corpo d'água em destaque
Bacia hidrográfica com curso e corpo d’água em destaque.
Projeto de irrigação com condutos e área de comando em destaque
Projeto de irrigação com condutos e área de comando em destaque.
Projeto de irrigação com alguns talhões atendidos em destaque
Projeto de irrigação com alguns talhões atendidos em destaque.
Continuidade

A figura abaixo ilustra alguma das váriáveis envolvidas no fluxo de um título por um conduto fechado.

Princípio de conservação aplicado ao fluxo constante de um fluído em um conduto fechado
Continuidade
Balanço Hídrico

Podemos aplicar o princípio da continuidade para fazer a contabilidade dos volumes de controle, conhecendo os fluxos de entrada e saída.

Fluxos de entrada e saída.

A massa de água conservada no volume de controle deve ser igual ao somatório do fluxos de entrada e de saída, multiplicados pelo intervalo de tempo considerado, como descrito na equação abaixo:

Cálculo Balanço Hídrico.
Eficiência do Uso da Água

Essas extrações de dados ainda não estão no sistema, mas podem ser implementadas com facilidade dada sua estrutura.

Combinando as relações apresentadas anteriormente, podemos obter a eficiência do uso da água em várias escalas. O volume de entrada de um sistema é igual a soma do volume utilizado e do volume perdido:

Cálculo Eficiência do Uso da Água

A figura abaixo representa um projeto de irrigação com a derivação (distribuição via canal) dos volumes captados no ponto C para quatro pontos de bombeamento de água para a irrigação, vamos utilizar essa representação para demonstrar o cálculo da eficiência de distribuição.

Fluxos de entrada e saída

O volume de entrada no sistema de controle é representado pelo produto entre a vazão média da captação e seu tempo de operação:

Cálculo Volume de entrada
Trabalho - Energia

Podemos expandir a aplicação do princípio de conservação para descrever a relação trabalho - energia no fluxo constante de fluído em uma tubulação. Abaixo adicionamos variáveis representando essa relação ao diagrama de um trecho de tubulação apresentado anteriormente.

Trabalho - Energia.

A equação de Bernoulli descreve matematicamente essas relações e o princípio da conservação através da igualdade entre dois pontos do conduto, o termos foram arranjados para que a unidade resultante seja o metro:

Equação de Bernoulli

Utilizando a mesma estrutura apresentada para a eficiência do uso da água, podemos aplicar a equação de Bernoulli para analisar as perdas e ganhos de energia nos projetos de irrigação. Dessa forma, é possível determinar a eficiência energética dos projetos de irrigação em diferentes escalas e identificar pontos de melhoria.

Bacia Hidrográfica e Projeto de Irrigação

Recursos hídricos são agrupados em bacias hidrográficas:

  • Delimitada por um acidente geográfico, espigão, que faz a precipitação escoar para o seu eixo;
  • Considerada como um volume de controle, assim como os corpos e cursos d’água que a compõe;
  • Pode ser descrita em vários níveis, segundo a ottocodificação de Otto Pfafstetter;
Bacia Hidrográfica
Níveis de Ottocodificação

A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) classificou as bacias hidrográficas do nosso território em sete níveis: Otto Nível 1, continental, ao Otto Nível 7, microrregiões. Esses níveis são ilustrados nas figuras abaixo.

Os níveis Otto escolhidos, assim como a representação hierárquica dos recursos hídricos no sistema, são escolhas dos gestores e dependem do nível de controle que se espera obter no sistema. A ANA mantém uma base de dados com todos os recursos hídricos do nosso território no portal do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos, uma referência valiosa para os profissionais da irrigação.

Níveis Otto
Níveis Otto
Níveis Otto
Níveis Otto
Níveis Otto
Projeto de Irrigação

O projeto de irrigação, normalmente, agrupa a infraestrutura implementada a partir de um único dimensionamento hidráulico e abastecida por água doce proveniente de um único ponto (ou trecho) de interferência de uma outorga de uso da água.

  • Conjunto de estruturas e máquinas hidráulicas, infraestrutura de irrigação;
  • Captando água doce ou residuária;
  • Distribuindo essa água por :
    • Adução, em condutos fechados (adutoras) e pressurizados;
    • Derivação, em condutos abertos (canais), por gravidade;
  • Irrigando campos agrícolas;
  • Transpondo água para estruturas de reservação.
Imagem aérea de uma área atendida por um projeto de irrigação
Imagem aérea de uma área atendida por um projeto de irrigação.

Para caracterizar o projeto de irrigação, utilizamos definições da literatura para criar nós que representam a sua estrutura.

  • Projeto de irrigação - agrupa a infraestrutura de abastecimento de água.
  • Bombeamento - representa o local e/ou infraestrutura utilizada na captação e bombeamento de água para irrigação, assim como as associações entre as motobombas.
  • Conduto - representa os condutos abertos, canais, e fechados, adutoras, utilizados na derivação e distribuição de água.
  • Recursos hídricos - representa os recursos hídricos entremeados na estrutura do projeto, como tanques de aeração e alvos para a transposição.
  • Área de comando - conjunto de áreas efetivamente irrigadas do projeto, atendidas por um único tipo de sistema de irrigação.
  • Setor - divisão gerencial e/ou hidráulica da área de comando.
  • Quimigação - representa a infraestrutura utilizada para a injeção de insumos na água de irrigação.
Associações entre Motobombas

Os nós de bombeamento têm algumas características especiais. Ligações entre nós de bombeamento e alocações de motobombas no nó podem ser utilizadas para representar associações em série e em paralelo.

Motobombas

Essas associações têm efeitos distintos. A associação em série resulta na soma das pressões dinâmicas das motobombas, e a associação em paralelo na soma das vazões dos equipamentos. Os efeitos da associação em série ainda não são contemplados pelo sistema, exigindo a descrição hidráulica dos condutos. As associações em paralelo têm efeito na contabilidade dos volumes produzidos pelos nós de bombeamento, de acordo com o gráfico à direita (figura abaixo).

Motobombas
Análise Dimensional e Processamentos

A dimensionalidade correta das entidades utilizadas na irrigação é importante para manter a significância do que queremos representar e garante a coerência dos cálculos realizados na gestão da irrigação, portanto, devemos nos atentar à compatibilidade entre entidades, dimensões e unidades de medida utilizadas na sua representação. Podemos chegar às principais grandezas de interesse da irrigação através da análise dimensional.

DimensãoGrandezaNotações
Comprimento
Comprimento (L)
Lâmina
Lâmina (mm)
* Lâmina - L na notação de análise dimensional
* Expressa em milímetros (mm)
* 1 mm = 0,001 m ≡ 1 l/m2
Área
Área (L²)
Área Irrigada (mm)**
Área (L²)
* Área Irrigada - L² na notação de análise dimensional
* Expressa em hectares (ha)
* 1 ha = 10.000 m²
Volume
Volume (L³)
Lâmina
Volume Irrigado (m³)
* Volume Irrigado - L³ na notação de análise dimensional
* Expresso em metros cúbicos (m³)
* 1 m³ = 1000 l
Tempo
Tempo (T)
Lâmina
Tempo de Funcionamento (h)
* Tempo de Funcionamento - T na notação de análise dimensional
* Expresso em horas (h)
* 1 h = 60 min = 3600 s
Fluxo
Fluxo (L³/T)
Lâmina
Vazão (m³/h)
* Vazão - L3/ T na notação de análise dimensional
* Expressa em metros cúbicos por hora (m3/h)
* 1 m³/h = 1.000 l/h ≃ 0,278 l/s
Utilizando a análise dimensional para obter a lâmina de irrigação
Sequência de Processamento
Exemplo para Irrigação Móvel
Análise Dimensional Irrigação Móvel
Exemplo para Irrigação Fixa
Análise Dimensional Irrigação Fixa
Nomenclatura das Áreas

O cálculo da lâmina e sua significância depende da área utilizada no cálculo. Abaixo, são apresentadas as nomenclaturas das áreas utilizadas no sistema e variáveis obtidas a partir delas:

  • Área topográfica: Proveniente do cadastro de locais agrícolas e utilizada no cálculo da lâmina de irrigação.
  • Área prevista: Informada na abertura da ordem de serviço e utilizada no cálculo da lâmina prevista, da aderência e da completude.
  • Área irrigada: Uma função do sistema de irrigação e dos dados de sua operação, utilizada no cálculo da lâmina do informe e da sobreposição.
  • Área lançada: Somatório das áreas lançadas na ordem de serviço, representando a área efetivamente irrigada, utilizada no cálculo da lâmina realizada, da aderência, da completude e do número de lâminas.
Processamentos
  • Área Irrigada: Calculada em função do sistema de irrigação e dos dados de operação dos equipamentos. Para os sistemas de irrigação fixos a área irrigada é igual ao somatório das áreas dos setores que compõe a área de comando, cadastrados na árvore de projetos de irrigação. Para os demais sistemas, os cálculos são demonstrados abaixo:
Aspersão Convencional Móvel
Área Irrigada: Aspersão Convencional Móvel
Aspersão Mecanizada - Canhão Autopropelido
Área Irrigada: Aspersão Mecanizada - Canhão Autopropelido
Aspersão Mecanizada - Movimento Linear
Área Irrigada: Aspersão Mecanizada - Movimento Linear
Aspersão Mecanizada - Movimento Radial
Área Irrigada: Aspersão Mecanizada - Movimento Radial
Taxonomia dos Equipamentos

A classificação dos equipamentos de irrigação no sistema é primordial para sua caracterização, associação à estrutura do projeto e processamento dos dados de operação. Abaixo, temos uma chave dicotômica para a classificação dos equipamentos de irrigação:

Meu Modal

A taxonomia dos equipamentos controla a disponibilidade e dimensionalidade das características de irrigação disponíveis para descrição das versões dos modelos.

VariávelUnidadeTipo UnidadeConjuntos MotobombaAsp. Conv. FixoAsp. Conv. MóvelAsp. Mec. CarretelAsp. Mec. LinearAsp. Mec. RadialLoc. GotejoLoc. Microasp.QuimigaçãoFiltragem
Vazão de ProjetoL³/TVazão1111111110
Pressão de ProjetoM/LT²Pressão1111111110
Rotação de Projeto1/TFrequência1000000010
Eficiência da Bomba%Adimensional1000000010
Diâmetro do RotorLComprimento1000000010
Eficiência de Aplicação%Adimensional0111111100
Espaçamento na LinhaLComprimento0110101100
Espaçamento na EntrelinhaLComprimento0111001100
Vazão MáximaL³/TVazão1111111110
Vazão MínimaL³/TVazão1111111110
Rotação Máxima1/TFrequência1000000010
Rotação Mínima1/TFrequência1000000010
Comprimento da LateralLComprimento0011110000
Comprimento não IrrigadoLComprimento0000010000
Número de Emissores-Adimensional0111111100
Tempo de AvançoTTempo0111111100
Diâmetro do Bocal do EmissorLComprimento0111110000
Coeficiente de Descarga do Emissor-Adimensional0111110000
Pressão Média na LateralM/LT²Pressão0111111100
Vazão Média do EmissorL³/TVazão0111111100
Comprimento do Vão em BalançoLComprimento0000110000
Raio do Canhão FinalLComprimento0000110000
Número de Conjuntos-Adimensional0010000000
Velocidade Caminhamento PadrãoL/TVelocidade0001110000
Raio MolhadoLComprimento0000000100
Volume do TanqueVolume0000000010
Pressão de EntradaM/LT²Pressão0000000001
Pressão de SaídaM/LT²Pressão0000000001
Pressão Mínima de SaídaM/LT²Pressão0000000001

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